Entrevista 01 – 14/04/2015

14/04/2015 11h00 (GMT -3)

 

Assistente de Arte
Auxilia o Diretor de Arte nos processos gráficos

Meu nome é Augusto. Eu trabalho com Publicidade há 5 anos. Moro em Santo André/SP e estou como Assistente de Arte há 4 meses.


[Escolha profissional]
Por que eu escolhi trabalhar com Publicidade, estudar Publicidade? Na real, foi uma sorte que eu tive, que eu acho que muitas pessoas têm e outras pessoas não têm: porque você acaba terminando o Ensino Médio e decidindo por uma profissão muito cedo.

Eu tive a sorte de escolher a certa que até hoje sou apaixonado; gosto muito do que eu faço, mas na verdade é que foi um chute que eu dei.


[Função]
Uma agência de publicidade, na parte de criação, que é a parte que eu trabalho, divide o processo da seguinte forma: existe um Diretor de Criação. Esse Diretor de Criação é responsável por coordenar uma equipe. Ele vai ter várias pessoas criando e ele vai orientar essas pessoas pelo melhor caminho. Essas pessoas geralmente são duplas. E essas duplas se dividem em: Diretor de Arte e o Redator. Os dois sentam juntos para desenvolver uma ideia, para ter um insight criativo. A partir do momento que eles têm essa ideia, eles dividem o trabalho: um cuida de toda a parte gráfica, de toda a parte visual, e o outro cuida da parte textual.

O Diretor de Arte tem um Assistente que o auxilia em todo esse processo gráfico. O Assistente, inicialmente, acaba tendo um trabalho mais braçal, que é executar a ideia do Diretor, seguindo o padrão estético que o Diretor passa para ele.
Mas isso que eu estou falando é muito mais em agência grande. Em agência pequena, o Diretor não tem uma estrutura tão grande e acaba tendo que fazer as coisas por conta própria. Varia muito da estrutura que você tem.


[Atividades diárias]
As Atividades de um Assistente estão muito ligadas às necessidades do seu Diretor; varia muito da área. Eu cuido muito da área de Digital, mas quando precisa eu faço coisas também para Off-line. Mas no meu caso, por exemplo, é assim: um Diretor teve uma ideia. Nem sempre, quando ele tem essa ideia, ele tem tempo para executá-la. Então, em muitas vezes os Assistentes de Arte que acabam botando a mão na massa pelo Diretor. E enquanto o Diretor vai coordenando o seu trabalho, ele vai orientando: “ah, então essa fonte não tá legal”; “trabalha mais essa cor aqui”; “recorta isso aqui”; “troca essa foto”; “faz isso, isso”. Ele vai direcionando você. Do mesmo jeito que o Diretor de Criação auxilia a dupla, o Diretor de Arte é responsável por auxiliar todo o trabalho do Assistente.

 

[Digital e Off-line]
No mercado de Publicidade rola essa divisão entre Digital e Offline. Muitos profissionais falam que isso é uma coisa que tem que diminuir, porque o profissional ele tem que ser híbrido; ele tem que fazer de tudo. Só que ainda hoje, por serem áreas que cada área exige uma linguagem diferente e tem especificações técnicas que divergem muito, você acaba tendo um profissional para cada área. Aí, por exemplo, a área de Digital que eu falo é tudo aquilo que você vê no meio Online: que você vê no computador, que você vê em celular, que você vê em tablet. Quando eu falo Off-line são mídias mais convencionais: revista, jornal, o outdoor na rua.


[Formação]
Quando a gente fala de formação não necessariamente precisa ser uma formação acadêmica.
Tudo bem, quando você vai à Faculdade, você não vai deixar de aprender. Vai ter coisa que você vai aprender lá: nada é perdido! Mas eu conheço muitos profissionais que não tem formação acadêmica nenhuma e se tornaram profissionais excelentes. Inclusive, muitos deles são muito melhores do que eu, que me formei em uma faculdade.

Tem que acabar correndo por fora, vendo muito conteúdo, tem que se encher de referência.

Quando eu falo referência é tanto a própria Publicidade, é você destrinchar e ler: saber nome de produtora, saber nome de agência, saber nome de profissional. Você tem que entender de movimentos artísticos, você tem que ir bastante a museu, ver bastante filme. Até porque Direção de Cinema é uma coisa muito utilizada em Publicidade. Porque não só em Publicidade você vai fazer muito filme, mas você aplica muito pela linguagem, direção de arte, cortes, enquadramento e direção de fotografia.

Eu fiz faculdade de Publicidade. Fora a faculdade, eu também fiz uma “porrada” de cursos: fiz curso de ilustração, fiz curso voltado só para direção de arte… Mas foi o que eu falei, tem muita gente que não faz nenhum desses cursos, mas é o cara que consegue ser autodidata, né?! É o cara que consegue ser focado e correr atrás do conteúdo sozinho.

 

[Experiência necessária]

O que o Assistente vai precisar mesmo é o conhecimento técnico, porque ele precisa auxiliar o Diretor na edição de imagens. Ele precisa ter um senso estético; esse senso estético talvez não vai ser tão destrinchado assim, não vai precisar ser tão amplo, nesse início, porque ele tem um Diretor de Arte que vai coordená-lo.

Necessita colar no Diretor de Arte dele e tentar aprender o máximo de coisa possível. Virar “papagaio de layout”. Ele tem que ficar no ombro do Diretor e ficar perguntando: “o que você está fazendo?”; “porque você está fazendo assim?”; “porque que isso é melhor que isso?”; “o que posso fazer para ajudar?”; “quer que eu faça tal coisa para você?”. Porque você vai ter a sua demanda de trabalho diário; vai ter trabalho que você vai tocar sozinho como Assistente. Até para começar uma formação júnior, para você passar de cargo. E, você vai ter trabalhos que vão ser juntos com o Diretor de Arte. No tempo que você estiver livre, você tem que colar no Diretor; você tem que tentar aprender; você tem que tentar fazer a coisa sozinho também. Tem que ler, tem que buscar referência, tem que experimentar. Aproveitar que você está como Assistente e que a sua responsabilidade é muito menor do que a de um Diretor, e começar a entregar coisa. Começar a fazer coisa por si só e mostrar trabalho. Porque quando você mostra trabalho, provavelmente você vai errar. E é ótimo isso! Porque quando você erra, você tem a possibilidade de entender o que você está errando. Porque se você sempre fizer só o que estão te passando, que está naquele espacinho (que é o que você domina), você vai continuar sempre acertando; você vai continuar a fazer a mesma coisa e você vai acabar se tornando um cara mediano, né?! O ideal é você então “enfiar o pé na jaca”, errar mesmo, porque você tem o cara para te coordenar. Se tem um cara ali para te orientar, se esse cara está ali para te ensinar e (como a própria palavra diz, se ele esta ali como diretor) ele está ali para te dirigir, te ensinar o caminho. Você tem que aproveitar esse momento da sua carreira como Assistente, para tirar o melhor desse cara.

 


[Profissional bem-sucedido]
Cara, se você quer se destacar como Assistente você tem que mostrar serviço! Não pode ficar enrolando, e rola muito disso: eu sou um cara muito disperso. A facilidade que eu tenho para me dispersar é muito grande. Mas quando eu estou no trabalho, quando eu sei que ali eu tenho que mostrar serviço: “É hora de trabalhar?, então fecha; você não precisa estar no Facebook agora; não precisa estar mexendo no seu WhatsApp agora; deixa o celular de lado.”

E aceitar que as coisas que você vai fazer muitas vezes vão estar erradas. E o cara que vai falar isso para você, possivelmente, o que ele está falando é o melhor caminho. Pode ser que ele esteja errado, mas a chance de ele estar certo é muito grande. Você tem que aprender com esse cara. Publicidade tem um grande problema da galera ter um orgulho muito grande.

Você é um cara que está prestando serviço para alguém: ele é o dono da arte que você está fazendo, não é você! Se ele quiser mudar, ele vai mudar. Então, primeiro: você tem que ser um cara humilde, abaixar a cabeça e aceitar os conselhos que as pessoas têm. E saber ponderar o momento certo de “ah, isso vale a pena”.


[Inspiração profissional]
Você vai buscar as pessoas em quem se inspirar, principalmente, em ficha técnica.

Eu me sinto inspirado pelas pessoas que eu sinto ódio, assim sabe, que eu falo: “que ‘cretino’, cara. Eu queria ter feito isso que ele fez; eu queria ter tido essa ideia que ele teve; como é que esse cara teve essa ideia tão genial e ela não saiu da minha cabeça? Por que saiu da cabeça dele e não da minha? Pô, eu queria ter feito o que o cara fez; eu queria ter sido esse cara no dia que ele teve essa ideia.” Essas pessoas são as pessoas que me inspiram.

Eu tenho muito foco assim em agências específicas. Agências tanto no Brasil quanto gringas: é ver o que você acha de bom e ver quem fez. Você viu quem fez? Pega esse cara e procura o portfólio dele. Procura os trabalhos dele e você vai ver um monte de coisa para entender até a linha de raciocínio desse cara. Vai te ajudar a ver como esse cara pensa; vai te ajudar a ver os caminhos que ele toma.
Produtora também; estúdio; tem que ver o trabalho de todo mundo porque a sua inspiração pode vir de vários lugares. Inclusive, até de lugares que não sejam publicidade. Porque se você ficar pegando só referência só em Publicidade, a chance de você fazer mais do mesmo é muito grande.


[Análise da trajetória profissional]
Você meio que tem que se autoavaliar de tempos em tempos. Eu comecei a fazer isso relativamente há pouco tempo. E se eu fosse falar comigo no começo, eu falaria para buscar ser sempre humilde e entender que as pessoas que estão do seu lado não estão competindo com você. As pessoas que estão do seu lado são pessoas que vão crescer junto com você e que vão abrir portas para você, do mesmo jeito que você abrir portas para elas.

E evitar ter medo. Não pode ter medo. Tem que aproveitar o início para arriscar. Eu sempre fui um cara muito medroso. Sempre ponderei muito na hora de: “pô, será que vale a pena ir para lá?”; “será que é bom largar o que é certo?”. Eu tive várias oportunidades que eu acho que perdi. Hoje, eu sou muito feliz aonde eu cheguei, onde eu estou e o caminho que eu estou trilhando. Mas eu sei que eu joguei oportunidades fora, por ter tido um pé atrás em vários momentos. Se eu fosse falar para mim, eu falaria assim: “cara, vai de cabeça!. Porque se você é um cara novo, que está começando agora, não tem conta para pagar, aproveita para rachar a cabeça. Aproveita para ir para frente e arriscar. Porque se der errado, o tombo vai ser baixo, né?! De você começar a arriscar agora, quando você chegar lá em cima, que a queda vai ser muito maior, você já vai estar calejado o suficiente para não ter medo de fazer isso. Mas se você não arriscar agora, quando você chegar lá em cima, aí você vai ter medo de tentar alguma coisa diferente; de tentar alguma coisa nova.”


[Perspectiva da profissão]
Esse é um mercado que, eu acho que não só esse como muitos mercados, é muito difícil a gente projetar 10 anos para frente, e imaginar como é que vai ser a carreira de um Assistente até lá. Chutando bem por cima, e olhando como mudou… se você pensar no começo dos anos 90 mais ou menos para cá, a tecnologia influenciou muito a área de Publicidade. Na época, não tinha computadores e tudo era feito na mão, né?! Com a tecnologia, cada vez mais as ferramentas estão facilitando esse trabalho. Com o tempo, o Assistente vai ter mais tempo para pensar também; igual ao Diretor. Com o domínio das ferramentas, ele vai começar a fazer o trabalho dele mais rápido, vai ter cada vez mais tempo para apresentar suas ideias.


[Remuneração]
Média de salário de Assistente realmente varia muito, de um lugar para o outro. É difícil você ter uma média. Vai muito da qualidade do profissional; vai muito pela indicação que você entra; pelo momento que a agência está; a agência que você está entrando. Principalmente em agência grande, que você tem uma verba de contratação e uma verba de promoção: você é um estagiário e você vai subir de cargo para assistente, e há um cara de fora que foi contratado para ser assistente. Os salários de vocês não vão ser iguais, provavelmente, o salário do cara que entrou como o Assistente é maior do que o seu que de estagiário subiu de cargo. É claro que são casos e casos, mas é a qualidade do seu trabalho, aquilo que você tem para entregar, que vai possibilitar a negociação.

Média de salário de Assistente realmente varia muito, de um lugar para o outro. É difícil você ter uma média. Vai muito da qualidade do profissional; vai muito pela indicação que você entra; pelo momento que a agência está; a agência que você está entrando. Principalmente em agência grande, que você tem uma verba de contratação e uma verba de promoção: você é um estagiário e você vai subir de cargo para assistente, e há um cara de fora que foi contratado para ser assistente. Os salários de vocês não vão ser iguais, provavelmente, o salário do cara que entrou como o Assistente é maior do que o seu que de estagiário subiu de cargo. É claro que são casos e casos, mas é a qualidade do seu trabalho, aquilo que você tem para entregar, que vai possibilitar a negociação.

Mas chutando uma média, acho que vai variar entre R$1.500 à R$3.000 [reais].


[Indicação de leitura – Confira em: www.goodreads.com/grupoitos ]
Livro específico na área de Publicidade… eu tenho vários livros que são livros na verdade “X”, que eu li e que depois de um tempo em que você está na área, tudo o que você lê você acaba encaixando no seu dia-a-dia de trabalho. Tiveram muitos livros que me ajudaram, mas acho que o importante, que nem eu falei, é você se preocupar em montar uma boa biblioteca de referências. Um livro que eu trouxe aqui que é um dos volumes que eu trouxe de exemplo, só. Esse aqui é o 37º Anuário do Clube de Criação. O Clube de Criação tem o site, CCSP (Clube de Criação de São Paulo: clubedecriacao.com.br), onde você pode ver as notícias do mercado que estão saindo, as últimas campanhas e eles fazem um festival por ano: é onde eles reúnem o melhor da Publicidade brasileira e depois lançam esse livro aqui; lançam um livro por ano com o melhor da Publicidade daquele ano: publicidade nacional. Para você ter de referência é legal, você dar uma folheada.

Fazendo a inscrição no site deles, inclusive, você tem acesso a todos os anuários que já saíram. Aí é legal, como referência para você poder estudar.


[Mensagem Final]
Se fosse falar alguma coisa para as pessoas que vão entrar agora, que estão buscando agora uma vaga como Assistente é: você tem que ser cara de pau, você tem que ser dedicado, você tem que ter vontade de fazer virar e uma coisa que você não pode ser é “braço curto”. Porque você está indo lá para fazer trabalho braçal de um cara.

Tem que buscar montar a sua pasta, tentar fazer seus trabalhos para conseguir apresentar o que você já tem, o que você é e qual o nível que você está. Se preparar para as críticas que você vai receber e ir atrás dessas críticas. Ligar para a agência ou então encontrar o e-mail; se você conseguir ligar, inclusive, e conseguir marcar para encontrar alguém vá “de cabeça”: você não você não está indo para lá para arrumar um emprego. Se você sair de lá com um emprego, melhor ainda, mas você tem que ir, primeiro: para conhecer pessoas e para ouvir o que elas têm para falar do seu trabalho e marcar. Você viu na ficha técnica? Encontrou pessoas que você curtiu o trabalho, que você acha o bacana o trabalho dessas pessoas e que você gostaria que fosse seu trabalho? Então tenta entrar em contato com esse cara. E pede para ele ver seus trabalhos, para ele falar onde você pode melhorar, onde você pode acertar. Se esse cara tiver alguma coisa para te passar e se de 10 visitas que você fizer, um passar alguma coisa interessante, já valeu a pena pelas 10 visitas. Porque é uma coisa que você vai estar crescendo.


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