Entrevista 14 -14/07/2015
14/07/2015 22h00 (GMT -3)
Publicitário
O trabalho está muito baseado em conhecer as pessoas e fazer algo que as agrade, que elas queiram assistir
Eu sou Ricardo Migliani, sou Publicitário há 12 anos em São Paulo.
[Escolha profissional]
Eu entrei em Publicidade porque eu sempre tive o gosto bastante grande por música, eu tinha picapes para DJ, eu fazia muito edição de som, então sempre foi nessa área criativa. E também aconteceu na minha adolescência, por volta dos meus 15 anos, a Internet estava dando o “boom”, foi em 1998. Com esse “boom” da internet, começou a história de sites e ninguém fazia site nessa época. Eu como tinha um autodidatismo, eu aprendi a confeccionar sites, não tinha especialização nenhuma, não havia curso, não havia ninguém fazendo, então alguém que soubesse programar um site, por exemplo, e leyaltar isso, ele era uma joia rara naquela época e eu comecei com 15 anos programando sites e assim eu acabei entrando na área. Quando eu cheguei na idade para escolher o curso, eu já estava muito inserido no mercado.
[Função]
O que me encanta mais na nossa área é que a gente tem diversas funções, né?! Tanto quando você entra na faculdade, você está naquele seu mundinho, eu pelo menos só no mundo do esporte eu trabalhava, que eu treinava, você expande explodir possibilidades: tem desde o educador físico atuando na empresa, como ele atuando nas áreas esportivas e nas escolas. Você pode trabalhar com a ginástica laboral; você pode trabalhar na área escolar, mas dando aulas de educação física; você pode trabalhar no esporte como técnico ou nos esportes como equipes de base; escolinha; você pode trabalhar em reabilitação de idosos; reabilitação de crianças com necessidades especiais… Então tem muita área, tem vários ramos para trabalhar na educação física.
Na minha área em específico eu sou professora de ginástica artística sou especialista da modalidade ginástica artística, sou árbitra também da modalidade e, atualmente, estou trabalhando com crossfit que é uma área do fitness.
Na verdade, toda agência de propaganda é dividida em cinco departamentos básicos: então, a gente está falando do departamento de atendimento, que é o profissional que faz o relacionamento entre agência e cliente, ele confecciona o que a gente chama de brief, que nada mais é do que um documento contendo o pedido, as orientações do atendimento. Depende do nível da campanha e do tamanho da agência, você vai ter um planejamento ou não que é uma pessoa mais de inteligência mesmo de mercado que vai levantar dados, vai dar direcionamentos, vai fazer pesquisas, vai ler pesquisas, interpretar e montar, prepará-los melhor; você tem um departamento de criação que, basicamente, é composto por dois profissionais que são o Redator e o Diretor de Arte. Em geral, trabalha-se em dupla de criação para confeccionar as peças de qualquer campanha; você vai ter o departamento de mídia, que vai ter produção gráfica. As vezes, em agências menores, é um departamento só, uma pessoa só, que faz essas duas funções.
Em agências maiores, você vai ter a produção gráfica, que finaliza arquivos, tem o conhecimento técnico e mídia que vai fazer a compra de espaços publicitários nas televisões, jornais, revistas, portais, Internet, redes sociais, etc. Basicamente, isso aí você fecha os profissionais de uma agência mas, hoje em dia, você tem inúmeras funções dentro de uma agência, principalmente, com o perfil digital, porque você tem o Analista de Redes Sociais, você tem o Social Media, você tem o Analista de B.I. [Business Intelligence], que é um cara para ler e interpretar gráficos, estatísticas de acesso, de palavras-chave.
Então é muito pulverizado, tem bastante função.
[Atividades diárias]
Uma vez eu estava tentando explicar para um grupo de consultores, uns amigos meus, que os três tinham a formação de Engenheiros. Foi muito difícil para eles entenderem que o meu trabalho tem uma rotina evidente, mas que, em geral, eu acordo todos os dias sem saber o que eu vou fazer. Claro, não isso o tempo todo. Depois que você entra numa conta, você pega o ritmo, existe uma rotina. A maior parte do trabalho é sempre o mesmo que é: uma confecção de um conceito determinado, já tem os guides Da marca predefinidos, mas as vezes vem, simplesmente, um pedido assim para mim: “a gente vai participar de uma feira, a gente precisa criar uma ação para atrair pessoas para dentro desse stand, faz o que você quiser”. Então aí a gente pode ir desde inventar um jogo interativo que vai estar num telão, quanto distribuir uns brindes, quanto colocar um sósia de alguma personalidade, ou trazer uma personalidade, e aí você vai analisar aquele brief e dentro desses objetivos, desafios que estão propostos no briefing, você vai tentar encontrar uma solução adequada, criativa, que atinja o resultado financeiro, o resultado qualitativo, quantitativo proposto.
[Formação]
A formação básica, você tem o curso de Publicidade e Propaganda, tem curso técnico também, você pode fazer Marketing, vai estar relacionado à área e aí tem cursos mais técnicos, específicos, então por exemplo, você tem Relações Públicas que trabalha em Publicidade, você tem Jornalistas trabalhando em Publicidade, você tem a formação de Design de Gráfico, Design Digital existe, Web Designer, mas basicamente é isso. O curso genérico é Publicidade e Propaganda.
[Perfil do profissional]
O meu trabalho está muito baseado em conhecer as pessoas e fazer algo que as agrade, que elas queiram assistir e o que mais me ajudou foi absorver o máximo de cultura que fosse possível e não só no sentido de assistir as coisas mais variadas, mas também ter contato com povo, com pessoas foi muito importante para mim, viajar muito, conhecer coisas diferentes, por exemplo, no Brasil, eu trabalhei em situações onde eu tive que criar materiais que eram para ser veiculados dentro de um barco no rio amazonas. Você tem que ter um felling, e só dá para adquirir esse felling se você já foi até o Amazonas, ou no mínimo, você tem que absorver o máximo possível, conversar com pessoas daquela região. Não adianta achar que você vai dar um tiro e vai acertar no escuro, enfim, é muito complicado. Então isso aí me ajudou muito.
Eu acho que é importante o Publicitário ter uma consciência que ele tem que ser uma pessoa livre de preconceitos. Você não pode nunca trabalhar com Publicidade e ter uma ideia pré definida do que são as pessoas, do que elas acham ou do que elas pensam. Eu não posso deixar, por exemplo, a religião me influenciar a ponto de isso me impedir de eu conseguir criar algo para alguém que é umbandista ou que é de uma categoria GLBT, eu tenho que ter a capacidade de me colocar no lugar daquele público, porque se não, não consigo agradá-lo, não consigo levar uma mensagem que o toque e o meu trabalho é isso, preciso tocar as pessoas de alguma forma. Se eu tiver muitos preconceitos, eu vou ter muita dificuldade em exercer a minha profissão.
[Profissional bem-sucedido]
As pessoas que fizeram sucesso nessa área, dos meus conhecidos, dos meus amigos, são pessoas que conseguiram se inserir no mercado cedo. Foram pessoas que não priorizaram a grana, não priorizaram qualquer outra coisa a não ser adquirir a experiência. Então, são pessoas que, não importa se ela tinha que acordar 5h30 da manhã, pegar 4 conduções para chegar na agência aqui na Marginal Pinheiro, saindo do ABC, que foi o meu caso no início de carreira. Eu topei fazer isso sem salário, mas isso me fez ter a experiência, a vivência profissional e me inseriu mais cedo no mercado. Quando eu terminei a minha faculdade eu já estava muito inserido, eu já era um profissional que tinha 3 anos de experiência, 4 anos de experiência, isso facilitou muito a minha ascensão.
[Inspiração profissional]
Está na parede, né?! Aqui, no meu caso, está na parede. Eu tenho uma relação emocional com a história do Mandela, eu já visitei duas vezes a África do Sul e para mim foi importante porque eu aprendi com o Mandela a corrigir o meu principal defeito, eu acho, que era a falta de paciência, eu sempre fui muito impaciente, eu explodia muito rápido e muito fácil e eu aprendi com o Mandela o perdão, a paciência, a espera que foi também fundamental, como empreendedor, esperar o momento certo, ter paciência, aguentar, persistência. Você pega um homem que passou 27 anos preso e ele saiu e a primeira coisa que ele fez foi perdoar as pessoas que prenderam ele, que praticamente arrancaram a vida dele, a família. Essa foi a minha principal influência.
[Perspectiva da profissão]
A Publicidade ela tem, não somente no Brasil, mas no mundo, ela tem sofrido o revés muito grande desde que apareceu esse bicho chamado Internet. Isso mudou a forma como a gente faz propaganda, porque antigamente a gente falava para as pessoas algo, então você falava do seu produto, você falava do seu serviço, você apresentava: “eu tenho o melhor!”, “eu faço mais barato!”, qualquer bobagem desse tipo e hoje isso não funciona mais. Hoje a gente está numa era onde as marcas precisam estabelecer conversas com as pessoas, então a gente não precisa falar, mais do que falar, nós precisamos ouvir, principalmente com redes sociais. Isso ganhou um potencial enorme de que você não compete mais com os seus concorrentes, mas você compete por espaço com o bebê que o pai rasga o papel e ele dá gargalhadas infinitas e ele consegue 3, 4, 5, 70 milhões de views, isso numa velocidade exponencial que é o sonho de consumo de qualquer marca e esse cara está lá competindo com você pelo espaço, pela atenção das pessoas, então como você enfrenta esse desafio? Então você precisa aprender “como eu entro ali?”, ”como interrompo?”, a pessoa tem a escolha de ver ou não, eu preciso ser atraente, eu preciso ser interessante ao ponto dele fazer a escolha para ver o meu comercial, ver o que eu tenho para dizer.
[Remuneração]
Olha, tem uma variável muito grande até pelo porte das empresas. Para quem está iniciando, que é o estágio, o menor salário, geralmente, é o salário mínimo. Hoje a gente está falando em R$800. E, o maior salário, gira em torno de R$1500, R$1600, para estágio. Um profissional recém-formado vai chegar aí acima desse patamar, entre R$1500 até R$2 mil, R$2 mil e pouquinho.
[O profissional na sociedade]
É só uma crise de consciência, né?! Eu já passei, por momentos onde eu falei “puxa, é uma profissão que contribui muito pouco para a sociedade”. Eu sempre tive essa coisa assim com Publicidade, mas o homem é um ser social, comunicação é fundamental. E, tanto que qualquer programa aí dessas brincadeiras que você pega alguém que são largados e pelados na ilha deserta, a primeira coisa que afeta o psicológico é a falta de comunicação, é a falta de ter alguém para interagir, para falar. Então o homem é movido a comunicação e Publicidade tem um papel fundamental de educar, de ensinar, de prevenir, então eu acho que essa é a principal contribuição da Publicidade, é realmente levar informação não só tendo o lado do consumismo, do consumista, do capitalista onde você impõe, mas tem o lado também educativo, o lado cultural, o lado social que a Publicidade faz que é fundamental.
[Indicação de leitura – Confira em: www.goodreads.com/grupoitos ]
Recentemente eu estou lendo, comecei a ler um livro que me trouxe bastante informação interessante que eu achei importante, se chama “A Força do Hábito”. Eu estou lendo um livro também, em paralelo, estou lendo os dois ao mesmo tempo, e um segundo que ele é bem técnico para essa área digital que se chama “Socialnomics”, e ele é de um autor que se chama Erik Qualman, que fala sobre o impacto das redes sociais e todo esse ambiente digital, do comportamento das pessoas, das crianças, no mundo de uma forma geral. São dois livros que são os mais recentes e o meu livro preferido ele se chama “Sofrimentos Do Jovem Werther”, clássico do Johann Wolfgang von Goethe, de 1800 e alguma coisa, que aí é para um entretenimento mesmo.
[Mensagem Final]
Existe uma coisa que eu percebo, que as pessoas se interessam pela Publicidade pelo glamour que a profissão aparenta ter, então a primeira coisa que eu acho é entender que Publicidade não é esse glamour que parece, de você trabalhar, ter ideias, ir criando, não é isso. Publicidade é uma responsabilidade, muito trabalho duro, muita pesquisa, muita leitura, muita informação, é um trabalho de mente. Criação é um trabalho de disciplina, a gente na maioria das vezes tem prazos muito curtos para entregar as coisas e está tudo ligado ao estado financeiro, ao objetivo. Você só consegue isso com o trabalho, com a disciplina, absorvendo, pesquisando, lendo, se especializando, estudando, enfim. Então eu acho que esse é um recado importante, não se iludir com falso glamour da profissão. É ralação mesmo.
[Divulgação]
Então, quem quiser conhecer um pouco mais da minha empresa, é Agevole [ www.agevole.com.br ], pode entrar no site e seguir a gente nas redes sociais e tem lá a informação de um pouco sobre o nosso trabalho e o nosso dia-a-dia.