O que faz uma Pedagoga? – com Nathalia Santana

Pedagoga
O Pedagogo é um facilitador da educação.

Meu nome é Nathalia, sou Pedagoga. Atuo há 8 anos aqui em Santo André/SP.

[Escolha profissional]
Escolher pedagogia foi uma sorte, porque eu gostei muito.

A pedagogia serve para mim como um olhar para o futuro que sempre vai chegar. Então, atualmente, as crianças precisam desse olhar para elas e ser pedagoga pra mim é poder cuidar do futuro, mas agora.

[Função]
O pedagogo ele procura incentivar e melhorar. Ele é um facilitador da questão da educação. As aulas são dadas na escola de modo igual pra todo mundo e o pedagogo tem o cuidado de tomar conta da especificidade de cada aluno. Nem todo mundo é igual, então o pedagogo tem aquela característica, até digo que é natural, uma coisa biológica mesmo, de você ver a dificuldade de cada um e facilitar isso para ela.

[Áreas de atuação]
O pedagogo tem algumas vertentes que ele pode escolher. Logo que você sai de uma faculdade de pedagogia, ou ainda quando você está cursando, todo seu programa de estágio é dentro de sala de aula. Então a gente tem horas para entregar da educação infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, do Ensino de Jovens e Adolescentes e Adultos (EJA), do ensino de educação especial. Então todas essas vertentes já vão ampliando o seu leque de profissão.

Além dessas (vertentes), o pedagogo também pode atuar em hospitais com as crianças que ficam internadas com alguma situação de risco, como o câncer (são pessoas que ficam mais tempo no hospital), então pedagogo pode atuar ali; o pedagogo pode atuar em museus; pode atuar em prédios públicos, por exemplo, nas prefeituras sempre tem algum projeto voltado para a arte e educação, e o pedagogo se insere nisso. Então a gente monta um projeto onde eu possa trabalhar seis meses numa escola, desenvolvendo algo educacional; pode atuar no ensino não formal também. A educação não formal é a questão voltada para o ensino de forma contrária ao da escola, mas sempre trabalhando juntos: eles aprendem a questão de artes, questões musicais, educação física, teatro, capoeira… São assuntos que a gente não consegue trabalhar por conta de carga horária mesmo na escola dita “normal”. Então, por exemplo, a Sabina é um espaço de educação não formal, pois eles têm as aulas dentro da escola e chegam à Sabina e fazem a conclusão dessas aulas.

[Atividades diárias]
A rotina de um pedagogo, de imediato, enquanto ele está estudando e logo que se forma, vai ser dentro da sala de aula. De início a gente faz como se fosse um treinamento mesmo, porque a gente vira um auxiliar do professor. Então estando dentro da sala de aula e observando o que o professor faz e eu estudando, ou assim que acabei de me formar, a gente aprende a lidar e a entender algumas situações de ensino-aprendizagem dentro da sala de aula e também a questão da rotina escolar.  Então quando eu me aproprio do espaço da escola, me aproprio da sala de aula, dos ensinos que são dados, do livro didático, dos projetos, a minha visão vai ampliando.

Logo após isso, a gente assume como professor. Nesse ponto nós passamos a ter a sala de aula no nosso poder, entre aspas. Então, o cuidado com esses alunos da Educação Infantil é mais a parte higiênica, de boa alimentação; no Ensino Fundamental, a questão de alfabetização, de boa leitura, de boa escrita, de letra bonita, de letra legível. Tem toda essa questão no Fundamental. Então essa é a rotina do pedagogo, é a função de professor mesmo.

[O Pedagogo e o Professor]
O professor é aquele que faz a graduação dele voltada para letras, para química, para biologia, e sai com Bacharel; o pedagogo sai com a licenciatura e ele pode atuar no Ensino De Fundamental, no caso, do 1º ano até o 5° ano.

[Formação]
A formação do pedagogo leva, em média, de 3 anos. Têm faculdades que você encontra por 3 anos, têm faculdades que já são 4 anos e você já sai especializado em alguma coisa.

Eu fiz a faculdade de 3 anos, eu me formei em 2007 e de lá eu saí com habilitação para Fundamental I e também com a habilitação para o administrativo escolar.

Atualmente, o pedagogo na nova legislação tem saído com o magistério e ele opta pela Educação Infantil, de 0 a 3 anos, ou o Fundamental I, que é de 6 até os 11 anos.

[Perfil do profissional]
Eu acho que o perfil do pedagogo é a paixão pela educação e pela visão infantil, porque o salário nem é tudo isso. Mas a gente faz questão de poder trabalhar um pouquinho por vez.

Então não é uma visão muito ampla, não é um trabalho que aparece demais: é um trabalho dentro da sala de aula, mas que a gente sabe que um pouquinho na casa de cada um a gente alcançou.

[Profissional bem-sucedido]
Eu reconheço que o pedagogo, apesar de trabalhar um pouquinho por vez, é aquele que consegue alcançar dentro da criança e faz com que ela leve até em casa. Então se eu, dentro da sala de aula, falei sobre a reciclagem e fiz um pequeno personagem com uma garrafa PET ele consegue replicar isso em casa e mostrar a importância do descarte de resíduos, de lixo seco e lixo úmido, ele consegue representar replicar isso em casa. Esse é um exemplo.

Além desse exemplo, de questão ambiental, a gente tem outras inúmeras questões que a gente consegue trabalhar dentro da sala de aula e isso vai fazer chegar dentro das casas.

O ser reconhecido é aquele profissional que trabalha, independente, do horário, da grade de horário que ele tem pra trabalhar, mas que ele consegue um retorno desses alunos.

[Inspiração profissional]
Eu acho que Wallon, Henry Wallon, foi médico e ele estudou a criança no ponto de vista da afetividade. Então, existem muitos livros publicados em que a professora é a professora, e a  tia é a tia. O Wallon é aquele que prega que as crianças passam mais tempo dentro da escola, às vezes, do que com a própria família. Então eu sou aquela professora que eu deixo chamar de tia, eu pego no colo, eu abraço, arrumo o cabelo na hora de sair… Então é uma questão de afetividade, eles passam muito tempo comigo. Então esse é Wallon.

Agora Vygotsky entra numa linha de ensino aprendizagem de conversação. Então o aluno aprende comigo e eu aprendo com aluno o tempo todo.

[Análise da trajetória profissional]
Eu diria para manter a calma, eu falaria que cada erro serve para você acertar mais pra frente e eu falaria para ler um pouquinho mais.

Quando a gente faz a graduação de pedagogia, a nossa leitura fica toda voltada para a questão educacional e a educação não é só dentro da escola. Então hoje a minha visão, trabalhando dentro de um museu, é muito mais ampla. Eu consigo pensar de uma forma mais abrangente. Então eu diria para Nathalia ler mais outras áreas.

Eu sei que o pedagogo sai da graduação e já pega uma sala de aula. A gente sai da graduação com o foco na alfabetização, sinceramente.

Eu fiz a minha graduação, eu fiz uma pós graduação em alfabetização infantil, atualmente eu faço curso de libras, faço também uma atualização de cursos, às quintas-feiras. O pedagogo nunca pode parar de estudar. Mas a dica depois desses oito anos que eu passei, é para não parar os estudos. E eu parei. Eu parei os estudos por cerca de 5 anos e eu retornei no ano passado. Então não era bom parar.

Claro que as leituras via internet, alguma indicação de um livro, uma proposta pedagógica que você monta, um novo plano de aula, faz com que você busque novas informações, mas os estudos não é bom para pararem.

[Perspectiva da profissão]
Eu acredito que a profissão do pedagogo está cada vez mais aceita, porque todos os lugares já têm feito as condições de acessibilidade para um atendimento do público em geral. As crianças, atualmente, são mais bem aceitas em todos os lugares. No cinema não tem criança mais na sessão só infantil, hoje os grandes filmes que têm provocado as curiosidades das crianças também os levam para o cinema, então criança não vai mais só no circo, a criança tem frequentado espaços que, antigamente, só os adultos frequentavam.

Então, pensando daqui a 10 anos, cada lugar, provavelmente, vai ter alguém que entenda de criança, alguém que consiga mudar essa linguagem para o público infantil, porque, às vezes, o que eu explico para um adulto, não é o mesmo jeito que eu uso, a minha linguagem é outra com o público infantil. Então eu acho que é uma profissão que tende a crescer.

[Remuneração]
Então ainda na graduação é necessário que você entregue horas de estágio. O estágio você entra ganhando R$ 700, trabalhando cerca de 4 a 6 horas; depois disso, as horas também ampliam na hora da entrega, então você acaba ampliando um pouquinho o seu salário e fica cerca de R$ 1 mil. Assim que você se forma se você ganha R$1.100,00, você pode ficar feliz. Por isso eu disse: paixão pela profissão. Você começa a ganhar mais quando você assume uma sala de aula no cargo de professor, e aí você passa para R$1500.

O coordenador pedagógico tem como faixa salarial de R$3 mil com a carga horária de 40 horas.

[O profissional na sociedade]
A importância do pedagogo é a visão que ele tem mais ampla de poder preparar a criança para o futuro que ela vai chegar. Então, o olhar do pedagogo para criança não é um olhar “que daqui a pouco ela vai crescer”, o olhar do pedagogo é aquele que “ela está aprendendo enquanto ela ainda é criança, que o tempo todo está em aprendizagem”. Fica na nossa visão que a criança só aprende com alguém que está ensinando e não é. Ela está aprendendo com exemplos que ela vê no trânsito, dentro do carro passeando com pai, se o pai está de cinto ou não. Ela está todo o tempo num constante aprendizado. Então a importância do pedagogo dentro da escola é essa questão de poder olhar a criança como um futuro que vai chegar logo mais; mas, em outros aspectos, não sendo só dentro da escola, o pedagogo é aquele que facilita esse entendimento para criança, então os lugares onde tem um pedagogo são os lugares onde é mais colorido, onde as letras são mais acessíveis de se ler, onde tem o áudio agradável para criança, uma iluminação que não machuque os olhos, ele tem todo esse cuidado, eu até dei um exemplo: o Ceratossauro está cheio de pedras, e o pedagogo é aquele que sabe que a pedra não vai parar ali. A pedra vai ser atirada. Então o pedagogo é aquele que tem a visão, ele tem o conhecimento um pouquinho mais avançado e eu nem sua mãe, e eu falo que o pedagogo é o olhar de mãe.

[Pontos positivos]
O ponto positivo de você trabalhar com educação é o ponto em que você sabe que aquele pouquinho que você está ensinando, facilitando, vai fazer uma diferença quando essa criança crescer.

O ponto positivo de ser um pedagogo no ambiente que não é a escola, é a chance de dar para os outros que não são da área da educação, reconhecer que a criança está pensando diferente.

[Pontos negativos]
Os pontos negativos eu acredito que sejam: a faixa salarial que, atualmente, no Brasil, é pouquíssima reconhecida e, acho que o ponto negativo também, é o trabalho em casa porque eu desconheço um professor que só trabalha dentro da escola.

[Indicação de leitura – Confira em: www.goodreads.com/grupoitos ]
Eu tenho alguns livros aqui para mostrar para vocês.

Livros como “Jogos, brincadeiras e ludicidade na educação”, então serão jogos pedagógicos, brinquedoteca, vale muito a pena a gente ensinar; tem a questão mais atual que eu tenho trabalhado muito, que é a questão de meio ambiente. Aqui na Sabina a gente tem uma área específica só para educação ambiental e a gente tem consultado bastante esse livro, como a questão da montagem de aula de meio ambiente; e, por último, o livro que a gente vai conhecer muito, que é a indisciplina. Então, a gente na sala de aula passa sim por situações de conflito, por situações de intolerância, por situações de briga. Então a “prô” é aquela responsável, que ela quem vai fazer essa mediação e ela tendo algum embasamento sobre a indisciplina escolar vai ajudar bastante.

[Mensagem Final]
A mensagem que eu dou para o pedagogo, para aquele que quer, que pensa em fazer pedagogia, é que lecionar, ser professor, é a oportunidade que você tem de passar um pouquinho do que você sabe para quem está começando a aprender aquilo. Então, faça a pedagogia no intuito de você poder mexer no seu futuro. Quanto mais a gente alcançar hoje a criança, a família dela, mais no futuro a gente vai poder ampliar nossa visão.

Atualmente, nas escolas, a gente tem visto a questão de muita intolerância com racismo, com religião. O pedagogo é aquele que pode te mostrar todos os caminhos e você que tem que escolher o que é o certo.

[Divulgação]
Atualmente, eu trabalho na Sabina Escola Parque do Conhecimento e eu convido todos para virem aqui conhecer o parque científico e tecnológico com o Planetário Johannes Kepler, e vocês podem vir de sábado e de domingo. A partir do meio-dia o parque já está aberto, do meio-dia até às 18h, e vocês vão ter a oportunidade de conhecer questões ambientais, questões de origem de universo, astronomia, vida, dinossauros, pinguins, e muitas outras coisas.

O endereço daqui é: Rua Juquiá, sem número. Mas vocês podem ter acesso também pela página doFacebook.com/Sabina.planetario.